A VISÃO DO PROBLEMA

A nossa macro visão dos problemas mundiais e brasileiros:

O universo, em nosso entender, é regido por muitas leis. São leis imutáveis, das quais não podemos fugir, às quais não podemos driblar. A seguir falaremos sobre a Lei do ciclo e o materialismo:

A lei do ciclo ou lei do ritmo, significa que tudo no universo material tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe de desce, tudo tem princípio, meio e fim. Ritmo é compensação, é equilíbrio.

A nossa vida por exemplo, tem um ciclo máximo de pouco mais de 100 anos, sendo que a média ainda não ultrapassou os 80 anos. Nascemos, crescemos e morremos. Tudo tem a sua escala de tempo, algumas coisas durarão apenas alguns segundos e outras durarão milênios. Algumas bactérias durarão apenas algumas horas por exemplo. Existem ciclos que durarão milênios, como o sol, segundo dizem nossos cientistas : “Em 1 (um) bilhão e 500 (quinhentos) milhões de anos, ele se transformará em uma gigante vermelha, e varrerá toda a vida de nosso planeta. Teremos apenas terra calcinada e nenhuma forma de vida sobreviverá. O sol continuará em seu ciclo de morte por mais 6,5 (seis e meio) bilhões de anos, podendo transforma-se em uma anã branca, ou em uma estrela de nêutrons, ou mesmo, em um buraco negro. Tudo, no mundo material, está sujeito a lei do ciclo. Nada escapa a essa lei, nem mesmo nosso sol. Nada, nada mesmo será eterno! Grandes impérios duraram décadas, outros até séculos, mas todos tiveram início, meio e fim. E o Ciclo do Materialismo em que posição se encontra?

O ciclo materialista no mundo:

Materialismo é uma forma de se relacionar com o mundo. É um princípio que norteia nossos pensamentos, nossas emoções e nossas atitudes. É um padrão de comportamento adotado pela grande maioria da humanidade. É uma forma pensamento, que parece até que faz parte do inconsciente coletivo. As pessoas ao redor do mundo adotaram seus paradigmas e seguem reproduzindo suas verdades sem questionamentos. Porém existem muitas outras forma de relacionar com o mundo a nossa volta.

O Materialismo tem um ciclo longo, seu início data de + 10.000 anos e teve seu início no sul da Europa, no Norte da África e no Sudoeste Asiático, quando os homens se tornaram sedentários, passando a controlar os animais e a agricultura. Formaram os Clãs, criaram melhores ferramentas e armas, formaram vilas agrícolas, dividiram e tomaram posse da terra, criaram o comércio. Acumularam bens materiais, e com armas mais eficientes, aprimoraram a capacidade de matar e tornaram-se predadores do próprio homem. Passaram a escravizar o seus semelhantes. Criaram exércitos para conquistar, matar e dominar. Fundaram cidades e grandes impérios, sustentados pela força, pela ganância e pelo trabalho escravo. A vida se tornou insustentável. Princípios éticos não existiam. Amor ao próximo nem pensar. O mundo se tornou um lugar muito perigoso para se viver. A única regra era o ter, não importavam os métodos. Criaram as leis, para tornar mais funcional, o mundo materialista. Leis para substituir os princípios morais. A mais antiga de se tem notícia é o código de Hamurabi, escrito há + 5.000 anos, na Mesopotâmia. Tempos depois, há + 2.700AC anos, foi inventado o dinheiro, que rapidamente foi adotado por todos, pois facilitava muito as transações. Aquele que veio, ensinou o desapego, ensinou o amor ao próximo, falou sobre as leis do universo, foi exemplarmente morto. E o materialismo continuou seu ciclo. Os impérios se fragmentaram e se transformaram em Feudos. Os Feudos se juntaram e formaram reinos. A Escravidão ganhou outro nome, passou a chamar-se Servidão. Servia-se ao senhor feudal em troca da proteção de seu exército e do uso de suas terras. O materialismo criou pessoas muito ricas, nas camadas intermediárias das pirâmides sociais. Os ricos criaram os princípios do capitalismo e assumiram o poder. O poder se fragmentou. Criaram o poder econômico e o poder político. O Poder Econômico é um poder difuso, é uma forma de pensar e dirigir as relações materiais. O Poder Econômico viria a tornar-se, o dono da tecnologia, o senhor das armas e conseqüentemente dos exércitos, o organizador do mundo. O poder político é um poder restrito, circunscrito em uma determinada região e o poder econômico se tornou global, norteando os destinos do mundo com os recursos materiais e seus paradigmas mundialmente aceitos.

O progresso tecnológico, sob o comando do materialismo, basicamente sempre buscou dois objetivos: 1º- Melhorar as armas e a capacidade de matar. 2º – Produzir e acumular mais bens materiais e elevar os lucros. No final do século XIV, na Europa, como todas as terra já tinham donos, as pirâmides econômicas bem consolidadas e ávidas por crescimento, começa um processo de conquistas sobre os outros continentes do planeta. A conquista do novo mundo. Os habitantes das novas terra, não tinham como enfrentar, canhões, mosquetes e espadas do melhor aço. O Materialismo tornou-se global e continuou o seu ciclo. Quando no ano de 1760, na Inglaterra, com a invenção do tear mecânico e da máquina a vapor, inicia-se a 1ª etapa da chamada Revolução Industrial, que iria durar até 1860 (100 anos). Cria-se um novo status social. Havia a escravidão, criou-se e somou-se a ela, a servidão e agora o operariado, sem que em termos de qualidade de vida, para a população em geral, houvesse qualquer mudança. Quando entram outros países na festa: Alemanha, França, Itália e novos avanços tecnológicos são incorporados: O aço, a energia elétrica, os derivados de petróleo, o motor a explosão, os produtos químicos, etc. Essa 2ª etapa, seguiu até 1900. Sendo que ainda durante a 1ª etapa da Revolução Industrial, iniciam-se os movimentos sociais, tentando suavizar as relações entre o poder econômico e o mundo do trabalho. A primeira lei nesse sentido, proibiu a contratação de crianças abaixo de 10 anos em suas fábricas. O movimento social continua, em um movimento crescente, torna-se organizado, principalmente a partir de 1848, como conseqüência desses conflitos, elevaram-se bastante os salários e as condições de vida dos operários. Criando praticamente uma nova classe média operária. Porém o Poder Econômico reagiu, e a partir de 1900 inicia-se a 3ª etapa da Revolução Industrial, criando um terceiro objetivo tecnológico – Redução dos custos da mão-de-obra. Até aqui todos sempre tiveram espaço nas pirâmides sociais do materialismo, mesmo como escravos todos tinham lugar em suas bases. Mas nessa 3ª etapa da Revolução Industrial esse quadro começa a mudar, a figura dos sobrantes que teve seu início na 1ª etapa da revolução industrial, agora se acelera . O desemprego tecnológico havia criado a figura do sobrante. Recolocações e migrações foram estimuladas na Europa, e as novas tecnologias continuaram a ser incorporadas aos processos produtivos. Essa estratégia continuou até que não mais existir espaço para os ajustes. Milhões de pessoas, ao redor do mundo ficaram sem condições de sustento e ganho, principalmente nos países chamados em desenvolvimento. Nessa 3ª etapa foram inseridas novas tecnologias: Os computadores, a robótica, a energia nuclear, a genética, as máquinas inteligentes, os conceitos de logística, o celular, etc… As novas tecnologias, além das fábricas atingem também o campo. Para esses sobrantes, esses excluídos não há para onde voltar, não há para onde ir. Para que a produção de toda essa tecnologia e crescimento econômico tivesse êxito, todo o meio-ambiente do planeta foi muito devastado. Comprometendo a qualidade da água, do ar, elevando a temperatura, etc… Sem contar que uma pequena parte da população sobrante, em busca de condições de sobrevivência e com armas adquiridas do próprio sistema, iniciam em alguns países, uma onda de violência jamais vista pela humanidade. A morte desses sobrantes e de pessoas das bases da pirâmide social, como conseqüência desses conflitos, não terá relevância para o poder econômico. Isso vai gerar lucro com as armas vendidas, com o negócio das drogas e redução da população sobrante, reduzindo assim as pressões sociais. O poder político, responsável pela segurança e por outros serviços será culpabilizado, embora já não tenha condições de resolver as questões sociais, dado a magnitude dos problemas. Usar as mídias, para valorizar falta de competência e de honestidade dos servidores públicos, como uma estratégia para mascarar as origens reais dos problemas é a primeira alternativa adotada. Não que esses dois itens não colaborem para a degradação da qualidade de vida, porém não afetam as elites. O sistema piramidal está se esvaziando! O ciclo do materialismo começa a declinar e trará devastação e morte. Assim como o ciclo do sol.

As conseqüências, até o momento, do Ciclo Materialista no mundo:

Segundo estimativa da ONU, a população mundial passará dos atuais 7,2 bilhões de habitantes para 9,2 bilhões até 2050. A população européia crescerá apenas 0,33%. Ficando o crescimento concentrado na África, América Latina e Ásia. Teremos mais 2 bilhões de habitantes vivendo na “Espaço-nave Terra”, concentrados nesses continentes, com um impacto ambiental e social enorme.

Os países desenvolvidos e com crescimento populacional controlado, no intuito de preservar os empregos e a qualidade de vida de seus habitantes. Serão muito mais restritivos com relação aos processos migratórios. Fazendo com que o racismo, o machismo, a homofobia e outros preconceitos sejam cada vez mais notados. Os problemas ligados a alimentação – Fome, Obesidade e o envelhecimento das populações, também terá um peso crescente nas questões sociais dos próximos anos.

Os paradigmas ligados a economia, projetando sempre crescimento constante, em produção, ganhos e lucros, com o uso de recursos não renováveis ou poluentes, tornou-se insustentável. A degradação do meio ambiente, foi levada a um nível que se aproxima de tornar também insustentável à vida humana no planeta, se não for revertida. Desastres ambientais, guerras, perseguições políticas, étnicas, desemprego tecnológico e busca por melhores condições de vida provocarão grandes massas migratórias, desequilibrando as relações entre homens e nações. A xenofobia assumirá lugar de destaque, com a construção de muros e outras barreiras entre os povos. Esse processo já está em andamento. Migrantes impedidos de desembarcar, ficando a deriva e encontrando a morte no mar sob o olhar indiferente ou raivosos de homens ditos civilizados. Discursos nacionalistas justificam o descarte de entes humanos, em benefício de programas higienistas, sanitários e da manutenção da qualidade de vida, nos países com economia mais forte e organizada. Passamos a olhar o outro como se fizesse parte de uma raça não humana ou inferior. Comportamento típico e que foi mais acentuado no início do ciclo materialista, quando a mão-de-obra era contratada pelos exércitos para os posto de escravos nos sistemas produtivos do passado. Leis e acordos internacionais passarão a serem questionados e muitas vezes rompidos. É preciso lembrar, que todos estamos embarcados na “Espaçonave Terra” e mesmo que nos isolemos em algum compartimento ou área reservada, inevitavelmente acabaremos por ser atingidos.

O ciclo materialista no Brasil:

O ciclo materialista, em seu processo de expansão e domínio mundial, chegou ao Brasil em 1500 DC. Chegaram armados com canhões, mosquetes, espadas e dominaram ou eliminaram os povos que habitavam essas terra há milênios. Os povos locais não tinham como vencê-los. E todas as terras brasileiras foram divididas, inicialmente em 15 lotes, chamados de capitanias hereditárias. Agora, assim como a Europa, todas as terras brasileiras tinham novos donos. Como a tentativa de escravizar os habitantes locais não fora bem sucedida, buscaram na áfrica a mão-de-obra escrava para fazer todo o trabalho. A partir de 1530 a escravidão do povo africano foi introduzida no mundo. O Brasil seguiu com seus escravos, seus engenhos de açúcar e produção de café. O país era completamente agrícola até 1940. Não participando dos movimentos sociais ocorridos na Europa a partir dos anos de 1840. Porém a sociedade brasileira sofreu os reflexos da revolução industrial européia, dos avanços tecnológicos e do desemprego tecnológico como conseqüência. Na Europa, fora implantada uma política de exportar seus sobrantes para o restante do mundo, como forma manter a qualidade de vida e segurança no continente. As primeiras ondas se sobrantes começaram a chegar ao Brasil a partir de 1848. Era a imigração européia chegando às Américas. Esse fluxo viria a se intensificar a partir da abolição da escravatura no país em 1888. Em 1940, o Brasil se preparava para iniciar seu processo de industrialização. Foram abertas novas estradas, foi criada a Petrobrás, a CSN e a CLT (1º de maio de 1943) que possibilitaria a industrialização brasileira nos mesmos moldes Europeus. Como não tínhamos a tecnologia, tornamo-nos dependentes da transferência externa desses recursos. O Brasil entrara no rol de países em desenvolvimento, com abertura de sua economia ao capital internacional e demos início a criação de nosso parque industrial e recebimento da tecnologia. O Brasil não participou dos debates e estudos sobre o desemprego tecnológico, ocorrido na Europa nos meados do século XIX. Porém teve que absorver 4 (quatro) ondas de sobrantes em sua sociedade. Sendo elas:

1ª Onda – Imigração Européia, com início em 1948 e intensifica a partir de 1888, com a abolição dos escravos. Como essa população sobrante, já disponha dos conhecimentos e paradigmas materialistas, facilmente se adaptou e ajudou na formatação do modelo materialista brasileiro.

2ª Onda – Abolição da escravidão no Brasil, tínhamos na época uma população de 10 (dez) milhões de habitantes, sendo que 1.520.000 (Um milhão, quinhentos e vinte mil) eram escravos. Todos foram soltos, abandonados a própria sorte. Não havia nenhuma forma de reinserção prevista. O acesso a terra havia sido barrado pela lei da terra que passara a ser propriedade do estado e a ser vendida. Os escravos libertos não estavam preparados para assumir uma vida autônoma no sistema materialista, o que retardou muito o processo de absorção e deixou reflexos em nossa sociedade até os dias atuais.

3ª Onda – Êxodo Rural, ocorrido entre 1960 e 1980, A população rural buscando melhores condições de vida nas cidades, acabou por encontrar desemprego, criar habitações irregulares e expandir as favelas. O Brasil tornou-se um país urbano.

4ª Onda – Desemprego tecnológico começa a ser notado no Brasil a partir de 1995, chegando hoje a números alarmantes, atingindo tanto a indústria quanto o campo e já temos cerca de 1/3 a ¼ da população nessa condição. O índice varia conforme a região. Os sobrantes em idade produtiva passam de 66 milhões. Dos quais cerca de apenas 14 milhões são considerados como desempregados, pois ainda buscam por uma colocação no mercado de trabalho e não recebem nenhum benefício do governo, como o bolsa família, o auxílio-desemprego por exemplo. Só jovens nem – nem, entre 14 e 29 anos de idade, que não trabalham, nem estudam somam hoje 11,3 milhões, segundo o IBGE.

O início dos nossos trabalhos:

Iniciamos nossos trabalhos com os sobrantes, voltados para aqueles que ninguém mais queria, para aqueles que haviam adentrado o mundo das drogas, e muitos, já em situação de rua. Durante os últimos anos assistimos milhares de pessoas. Centenas e centenas de usuários, hoje levam vida normal com suas famílias. Dezenas e dezenas de moradores de rua, hoje estão reinseridos na sociedade, por vezes até ocupando posições de comando em empresas da região, sem que ninguém saiba que já foram moradores de rua e usuários de drogas. Continuaremos com os projetos voltados para os dependentes químicos, porém percebemos uma redução na busca por tratamento. A dependência química é uma doença mental, que depende da participação ativa do doente para ser paralisada. O termo paciente não se aplica a doença. O dependente químico deve assumir uma postura proativa em relação ao tratamento, caso contrário não obterá êxito. O negócio das drogas rende bilhões de Reais por mês, livre de impostos, e tem no dependente químico a mão-de-obra descartável, barata e escrava do crime organizado. O trabalho preventivo se harmoniza integralmente com os objetivos globais da Ong Evoluir. Para fazer prevenção, devemos atuar na redução dos fatores de risco e na criação ou no reforço dos fatores de proteção. Nas crianças, adolescentes e jovens, levando-os a estabelecerem novos condicionamentos mais eficientes nas relações intra e interpessoais, Melhorando suas capacidades críticas, reduzindo seus fatores de risco, criando ou reforçando seus fatores de proteção. E no contexto onde vivem, também com uma ação semelhante. Portanto fazer prevenção é cuidar de todas as áreas que interferem na qualidade da vida humana. O que coloca esse tipo de ação em completa sintonia com nossos objetivos globais. Nos últimos anos a Ong Evoluir já vinha se preparando para dar início a uma forma de atuação mais abrangente. Os trabalhos tiveram o seu início em setembro de 2017. A partir de agora estaremos trabalhando, além da dependência química, todas as outras questões que entendemos como relevantes para a humanidade, nesse momento histórico da raça humana.