A NOSSA PROPOSTA

A nossa proposta básica para a sociedade brasileira:

Para trabalhar as questões ligadas aos sobrantes, inicialmente elaboramos alguns tópicos de uma proposta básica. As mudanças que pretendemos implementar:

  • Trabalhar para reduzir os fatores de risco e elevar os fatores de proteção, que cada ente humano possui contidos em seus padrões comportamentais e emocionais. Identificar aqueles que são disfuncionais para suas vidas e auxiliá-los no processo de transmutação, se assim o desejarem.
  • Trabalhar para reduzir os fatores de risco e elevar os fatores de proteção, existentes no entorno dos entes humanos. Isso implica em, avaliar/reavaliar as condições familiares, profissionais, econômicas, relacionais, sustentabilidade, etc. Enfim, repensar as questões e reorganizar tudo aquilo, que traz um efeito negativo na qualidade de vida das pessoas, e que está contido no contexto, onde esses indivíduos vivem ou apenas sobrevivem, em alguns casos.
  • Promover a preservação daqueles que estão bem posicionados nas pirâmides sociais, pois a manutenção, um arejamento do ciclo materialista, possibilitará que o problema da sobrância não se agrave, ou até mesmo, que evitemos um caos social maior. O ciclo materialista ganhará sobrevida, e se souber se adaptar a essa nova realidade, voltará a mostrar-se como uma alternativa de organização social válida, para importante parcela da sociedade e por muito mais tempo.
  • Promover a criação de um novo ciclo complementar, que absorva os sobrantes e os conduza a um sistema autônomo de vida. Reduzindo as pressões sociais, principalmente a violência. Esse novo ciclo seria construído com outras premissas e paradigmas. Fora do sistema competitivo, piramidal. Não podemos continuar criando as pirâmides infinitamente. A sugestão é adotar um modelo fartamente testado na natureza, como forma de organização e funcionamento. Os organismos multicelulares mais complexos poderão servir como modelo para facilitar o entendimento. Até mesmo o corpo humano, com seus órgãos, funcionando em harmonia e cooperação para obter realizações, saúde e longevidade, pode ser tomado como um modelo, em complementação/substituição ao sistema piramidal. Um novo modelo criado para organizar a população sobrante, estruturado com base na participação e não na competição. Criando com isso um novo ciclo, que chamamos ciclo da solidariedade, ou ciclo solidário. O qual poderá funcionar, em paralelo com o ciclo materialista. O novo ciclo poderá servir como alternativa para a humanidade ou mesmo como um elemento de fusão entre os dois ciclos.
  • Promover ou facilitar o entendimento e a prática do paradigma da complexidade. Que consiste em fazer uso dos paradigmas cartesianos e holísticos ao mesmo tempo. Enquanto a visão cartesiana, parte do pressuposto que devemos compreender as partes para se chegar ao entendimento do todo. A visão holística pressupõe que apenas a observação de um fenômeno em sua totalidade é capaz de possibilitar o seu entendimento completo. No paradigma da complexidade ou do pensamento complexo, devemos juntar os diversos saberes, as diversas matérias, as diversas formas de ciência, os diversos pontos de vista, porém sem misturá-los. Essa prática permite além do melhor entendimento, harmonizar interesses, permite vivenciar e conciliar até mesmo os paradoxos.

Como podemos colocar em prática essas ações:

  • Divulgando informações pelas redes sociais, palestras e outros;
  • Capacitando multiplicadores e auxiliando na organização de grupos de ação comunitária(GACS), para que atuem junto às comunidades, promovendo as mudanças e oportunidades necessárias;
  • Desenvolvendo projetos pilotos nas comunidades, testando as soluções, documentando os projetos, criando tutoriais e disponibilizando tudo nas redes sociais, para que outras pessoas possam reproduzi-los em outros pontos do país, cidades e bairros. Transformando as ações em uma onda, capaz de mudar a realidade atual.

Como Organizaremos o trabalho de uma forma geral:

  • Entendendo que em todas as camadas das pirâmides sociais, existem pessoas com afinidades com os paradigmas solidários. Pessoas que aspiram a um mundo, mais justo, a um mundo de paz, a um mundo sem fome, a um mundo onde as crianças sejam bem cuidadas, a um mundo onde as pessoas se respeitem. Essas pessoas podem ser convidadas a participar da construção desse novo mundo. Podem ajudar a organizá-lo, a tornar esse sonho uma realidade. Afinal a Evoluir é uma entidade, que tem por finalidade, congregar pessoas que se interessem participar e ajudar na construção desse novo mundo. 
  • Entendendo que os trabalhos não devem ter um foco assistencialista, não podem ser vistos como uma ação caridosa. Afinal toda a humanidade se beneficiará desse resultado. É um investimento. É um redirecionamento, para tudo aquilo, que não trouxe os resultados sociais que esperávamos. Devemos entender, os trabalhos como a construção de uma nova realidade em que todos, sem exceção, podem participar. Principalmente os sobrantes, como parte mais interessada.
  • Entendendo que o planejamento das ações deve levar sempre a um processo de autonomia e sustentabilidade. Mesmo que isso não ocorra em um primeiro momento. A autonomia e sustentabilidade devem ser a meta maior. Esse constitui o único caminho capaz de afastar o foco das ações, daquilo que denominamos como caridade, como esmola. Não é esse o propósito.

Qual será a alternativa proposta aos sobrantes:

  • As alternativas são muitas para os sobrantes. Lógico elas primeiramente devem passar pelo atendimento de suas necessidades básicas, sem o que, não há como efetivamente participarem de algum tipo de ação. Segurança alimentar, habitação mesmo que em estado precário, para melhoramento posterior (as ocupações já existentes, etc), saúde, educação. Projeto, com a participação ativa dos sobrantes e cobrindo as suas necessidades básicas devem ser implementados.

A seguir uma relação de projetos que podem ser implementados:

  • Projetos visando a recuperação do meio ambiente, fazendo uso da mão-de-obra sobrante, também será uma alternativa que não pode ser descartada. Muitos projetos com o propósito de gerar ocupação, também poderão gerar renda. Exemplos:

1) O Projeto Horta solidária além de contribuir na segurança alimentar, na autonomia da população sobrante, ainda, com a venda dos excedentes poderá gerar renda.

2) Um projeto para produção de mudas de árvores frutíferas e outras. Poderá dar suporte a um outros projetos de recomposição das matas ciliares e florestas. A venda de mudas excedentes poderá gerar renda.

3) Os projetos podem contemplar as metas de regeneração global, cujos objetivos são reverter os estragos causados, no passado, ao meio ambiente. A qualidade da água, a qualidade do ar, a recuperação e cuidados com o solo, as energias, etc, tudo é muito importante. Os projetos devem fomentar o uso de todas as novas alternativas tecnológicas, que levem a estabelecer a sustentabilidade do planeta e manutenção da vida humana, em um ecossistema restaurado. Ecossistema restaurado valorizando todas as formas de vida existentes no planeta.

Como organizaremos os sobrantes, os solidários e voluntários, nesse trabalho conjunto:

A organização em rede, fora do organograma piramidal, parece o mais adequado. A seguir a figura de uma rede com suas células, para melhor entendimento:

Célula Nome e função
1 Célula de Gestão da Rede, função: Definir, planejar, orientar, harmonizar e balancear todo o funcionamento da rede, visando o alcance dos objetivos globais. Harmonizar o funcionamento e resultados de cada célula da rede, facilitando a consecução dos objetivos globais.
2 Célula de Gestão dos Recursos, função: Prover todos os recursos necessários ao funcionamento da rede, inclusive os financeiros. Sintonizar o funcionamento e os resultados da célula com os objetivos estabelecidos pela célula 01.
3 Célula de Gestão Operacional, função: Planejar, elaborar, orientar, implantar e controlar todos os programas e projetos da rede. Sintonizar o funcionamento e os resultados da célula com os objetivos estabelecidos pela célula 01.
4 Célula de Gestão Administrativa, função: Organizar e controlar toda a parte documental e legal assumida pela rede. Intermediar as relações com outras instituições. Sintonizar o funcionamento e os resultados da célula com os objetivos estabelecidos pela célula 01.
5 Célula de Comunicação, função: Executar as estratégias de comunicação, criando um processo de comunicação eficaz com outras instituições e com o público em geral (Interno e Externo). Sintonizar o funcionamento e os resultados da célula com os objetivos estabelecidos pela célula 01.
6 Célula de Resolução de conflitos, função: Intermediar, negociar e Resolver os conflitos de maior magnitude, quando sua atuação for solicitada pelo núcleo gestor de qualquer célula ou ainda a pedido da célula 1, para harmonizar os trabalhos e resultados.

A seguir a visão da organização interna de uma célula, já com 7 tipos de tarefas (B) e 10 tipos de tarefas mais especializadas (C), caso onde uma subdivisão já se justificaria:

Alguns princípios gerais de funcionamento das células / estruturas, servindo como ponto de partida:

Descrição / Comentários

Uma mesma pessoa poderá atuar em diversas células ao mesmo tempo, dependendo de sua disponibilidade, interesse e conhecimento.

Todas as pessoas atuantes em uma célula poderão compor o seu núcleo gestor.

O funcionamento do corpo gestor, funciona como um colegiado, sendo que as decisões tomadas, devem levar ao melhor funcionamento da célula e estar em harmonia com os objetivos globais da rede.

Esse tipo de estrutura em rede, prevê a possível ligação direta entre qualquer das células. A troca de informações mais diretas e rápidas, permitem maior velocidade nas decisões e eficiência nas tarefas executadas. A linhas de ligação entre as células, não representam linhas de autoridade, mas ao invés disso, representam todas as ligações harmônicas entre as pessoas que compõe a estrutura, trabalhando de forma cooperativa e harmônica visando o bem comum.

Ao efetuar uma análise comparativa entre o modelo em rede e o organograma piramidal, vemos claramente que o princípio da autoridade fica muito diluído no sistema em rede. Nesse modelo os conflitos interpessoais podem acontecer com mais freqüência e devem em primeiro lugar, serem resolvidos entre os próprios elementos envolvidos. Caso isso não ocorra, o núcleo gestor poderá intermediar e resolver a questão, ou ainda solicitar a intervenção das células 6 – Célula de Resolução de conflitos e 1 – Célula de Gestão da Rede para resolver as diferenças e retornar a condição de harmonia.

Outro tipo de problema que se apresentará com certa freqüência, é que a humanidade por milênios sempre funcionou dentro do sistema do organograma materialista/piramidal. Mesmo em organizações informais, a presença do “chefe” é uma figura constante. A grande maioria das pessoas, habituadas a ter sempre alguém que diga a ela o que fazer, sentirão falta dessa figura. Muitas vezes é uma figura, odiada, temida, mas é também quem nos mostra o caminho a seguir. É quem cobra, exige, pune. É de certo modo a figura do “grande pai”. Viver sem esse tipo de presença, tão marcante em nossas vidas, traz inicialmente um certo desconforto. Caminhar sozinho, com autonomia, com base na responsabilidade pessoal, pode trazer para aqueles que ainda não estão habituados, a insegurança, o medo e até pode gerar conflitos. O enfrentamento, a atitude impositiva, reforçará o padrão de atitude esperada do “chefe”, o que para o modelo em rede não será produtivo. Melhor acolher, não revidar, explicar amorosamente, fazendo recursos aos paradigmas solidários. Afinal, por muito tempo viveremos com os pés em dois tipos de mundo, o materialista e o solidário e ainda, não aprendemos plenamente, a fazer uso do paradigma da complexidade ou pensamento complexo.

As considerações que estão contidas nesse texto, não são finais, definitivas ou imutáveis. Trata-se de um ponto de partida, na construção de um novo padrão de comportamento, de emoções, e de realidade coletiva. E só terá validade se construídas a muitas mãos, se estiverem abertas a mudanças e ajustes. O que não podemos abrir mão é das metas solidárias, funcionando como pano de fundo, nos caminhos que escolhermos. É preciso lembrar, que o nosso mundo de fora é organizado como uma réplica do nosso mundo interior. Se meu mundo interior é caótico, vou me relacionar com as pessoas a minha volta de forma também caótica. Se acreditar em meu mundo interior, que a violência é uma solução aceitável, vou me relacionar com o meu entorno de forma violenta. Essas informações sustentam-se em uma lei universal, chamada Lei da Equivalência ou Lei da Correspondência. Temos que mudar primeiramente a nós mesmos, para fazer refletir as mudanças que queremos no mundo. A mudança do mundo começa no interior de cada um. Boa sorte a todos, nessa experiência prática de mudança! As vezes as mudanças nos trarão dúvidas e sofrimentos. Mas sem enfrentá-las não cresceremos, não evoluiremos.